Experiência da Raul Brasil é compartilhada com escola da capital
Enquanto esta reportagem era preparada, ao longo da semana, para falar sobre o encontro entre funcionários da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, e da Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, outro a ataque a uma unidade escolar foi registrado no Brasil. Desta vez, o alvo foi a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, […]
Reportagem de: O Diário
Enquanto esta reportagem era preparada, ao longo da semana, para falar sobre o encontro entre funcionários da Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, e da Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, outro a ataque a uma unidade escolar foi registrado no Brasil. Desta vez, o alvo foi a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, onde quatro crianças foram assassinadas por um homem de 25 anos, com golpes de machadinha.
Entre 2022 e 2023, cinco ataques com vítimas fatais foram registrados nas escolas brasileiras. Os números só mostram o quanto o assunto precisa ser amplamente debatido para que seja possível encontrar uma solução em um trabalho que deve ser feito por educadores, mas também, principalmente, pelo estado.
O ataque na EE Raul Brasil, onde sete pessoas foram assassinadas por dois ex-alunos, foi o segundo mais fatal do país. Desde que este episódio foi consumado, em março de 2019, a escola de Suzano passou por uma série de ações. Uma delas foi uma reforma completa na unidade escolar, que passou a ter um laboratório maker e um espaço de convivência. À época, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo afirmou que mais do que melhor a estrutura, as obras tinham o objetivo prestar acolhimento e suporte para a comunidade.
Acolhimento é uma palavra fundamental em momentos como esses. Depois do ataque à Thomazia Montoro, as professoras sobreviventes Ana Célia da Rosa e Cinthia Silva Barbosa se reuniram com a diretora da Raul Brasil, Sonia dos Santos, com a vice-diretora, Lilian de Lima, e com o professor de matemática da unidade, Agnaldo dos Reis Xavier. O encontro foi mostrado pelo Fantástico, da TV Diário, no último dia 2. “Hoje, todos os dias a gente abre o portão da Raul Brasil com esperança”, disse Lilian enquanto todos estavam de mãos dadas.
As palavras da vice-diretora chegam em forma de inspiração para as funcionárias da Thomazia Montoro. Elas, ainda, dizem que a professora que foi morta no episódio, Elisabete Tenreiro, de 71 anos, também a inspiram. “Beth me inspira em continuar”, enfatizou Cinthia.
A professora Beth tinha voltado a trabalhar porque acreditava na educação como um indutor da transformação social e humana.
Medidas da Educação
Desde o massacre de Suzano, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo adotou medidas para tentar minimizar os ataques nas escolas. Um deles foi a implantação do programa Conviva SP, que tem como objetivo aprimorar a convivência na comunidade escolar, com ações e iniciativas voltadas a alunos, professores e servidores em prol da promoção da cultura da paz, valorização da vida e a mediação de conflitos.
A pasta garante que, agora, o programa será intensificado de forma que 5 mil profissionais fiquem dedicados à aplicação das políticas de prevenção à violência nas unidades. Os novos educadores do programa receberão treinamento para identificar vulnerabilidades de cada unidade, além de colocar em prática ações proativas de segurança.
Segundo a Secretaria, sempre que necessário, a gestão da unidade escolar e do programa atuam em parceria com os equipamentos da rede de proteção do Estado e do Município, como CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), Conselho Tutelar, Vara da Infância e Juventude e Polícias Civil e Militar para solucionar conflitos no ambiente escolar.
As escolas contam com patrulhamento da Ronda Escolar, e em casos de ameaças os gestores das unidades registram boletim de ocorrência para que as autoridades competentes possam realizar a investigação.
“A gente quer melhorar o sistema de informações para que a gente sempre possa acompanhar o caso de cada aluno, para que a gente, na Secretaria, tenha ciência de que a escola viu a informação dos alunos que ela recebe”, afirmou o secretário estadual de Educação, Renato Feder, após o ataque da Thomazia.
A afirmação se deu porque o aluno que praticou o assassinato lá, já tinha apresentado problemas na escola anterior que, inclusive, já tinha registrado um Boletim de Ocorrência por conta de atitudes do jovem.
O responsável pela pasta falou ainda sobre o atendimento presencial dos psicólogos nas escolas.
De acordo com a Secretaria de Educação, o atendimento dos psicólogos acontecia de forma remota nos anos de 2021 e 2022, durante o período da pandemia, mas agora passará a ser presencial. E para atender essa demanda, está em fase de contratação uma nova empresa, com mais de 150 mil horas de atendimento psicológico de alunos e professores da rede estadual.