Festa de São Benedito quebra jejum e abre a temporada de quermesses em Mogi
A primeira das festas dedicadas aos santos católicos que fazem Mogi das Cruzes retocar suas raízes caipiras e sagradas, rompe o resguardo forçado pela pandemia desde 2020. Não que os santos não tenham recebido reza, novena, atenção, pedidos e agradecimentos. O louvor a São Benedito seguiu à risca o calendário mas não saiu do interior […]
Reportagem de: O Diário
A primeira das festas dedicadas aos santos católicos que fazem Mogi das Cruzes retocar suas raízes caipiras e sagradas, rompe o resguardo forçado pela pandemia desde 2020. Não que os santos não tenham recebido reza, novena, atenção, pedidos e agradecimentos. O louvor a São Benedito seguiu à risca o calendário mas não saiu do interior do Santuário Bom Jesus que hospeda o santo negro e africano que, para o povo, segue como referência para denominar este patrimônio histórico e religioso mogiano. Para a maioria, ali é a Igreja de São Benedito. Desde ontem, a festa entre quadro paredes, por assim dizer, ficou no passado. Novena, procissão com hasteamento de mastro e a quermesse, com shows e delícias da nossa terra, como doces e o tortinho, aguardam os visitantes saudosos no Largo Bom Jesus até o próximo dia 23.
À noite, a novena receberá padres e fiéis. Ontem, a primeira celebração contou com a presença de dom Pedro Luiz Stringhini, bispo diocesano do Alto Tietê.
Inicialmente dedicada a Bom Jesus de Matozinhos, essa igreja que ganhou nos costados “espigões” que verticalizaram o jeito de morar na região central, foi a segunda construída na cidade entre o final do século XVII e o início do seguinte. Mudado o nome, ela recebe a Irmandade de São Benedito – que andou quase se perdendo, mas está sendo renovada, segundo garante a capitã do mastro deste ano, Tatiana Haumholter Rodrigues.
Até pouco tempo, essa antiga fraternidade se resumiu a três irmãos. Agora tem 18. Já somou 80 confrades. Revitalizar esse espírito comunitário e religioso faz parte de um processo também vivido por Tatiana – e que reflete movimento de outras pessoas após as agendas trancadas pela pandemia em igrejas de todas as crenças.
A capitã do mastro lembra que no fim de 2021, entrou, para saber se haveria missa, na Igreja de S. Benedito que impressiona pela beleza e serve de cartão postal do centro da cidade, com cenário arquitetônico que elimina a necessidade de explicação sobre o encontro do passado e do presente. Tatiana estava em busca de renovar a fé cristã, o que ali encontrou e sedimentou ao se disponibilizar para atuar entre os pastoreados pelo padre Marcos Sulivan, que responde pelo Bom Jesus.
Tanto ela e o marido, Claudio Roberto Pereira de Souza, como os festeiros, o mexicano Luiz Retana Fuliaro e a mulher, Ana, estão entre novatos integrantes da paróquia que, por ser central e dividir o público católico com as outras casas de Deus (a Catedral e as Igrejas do Carmo) acolhe moradores de bairros outros, famílias vizinhas à igreja e da comunidade Nossa Senhora dos Remédios – de onde, aliás, sai boa parte dos voluntários que atuam nas barracas dos comes e bebes.
Tatiana diz que durante a pandemia, a igreja de São Benedito esteve de portas abertas para receber pessoas que, como ela, procuraram apoio e aconselhamento espiritual.
A presença dos fiéis, a possibilidade do congraçamento, esse astral sustenta a escolha do tema da festa: Ela Voltou!
Voltou com shows que prometem dar vida ao pequeno coreto do Largo (veja ao lado). Há um desejo de se manter atividades para as crianças: um parquinho ou um trenzinho, itens que estavam sendo fechados quando esta reportagem foi feita.
De segunda à sexta, as barraquinhas começam a acender as luzes e abrir o caixa às 18h30. O encerramento será 22h30, mas, aos finais de semana, haverá um tempinho maior, até 23 horas.
Obras
Os recursos obtidos com a venda dos pratos típicos serão carreados para a manutenção da igreja. “Muitos católicos esquecem que igreja paga água, gasta luz”, insere Tatiana. Parte da reserva seguirá para o caixa que depressa se esvai com as obras de cuidados e restauração do santuário de taipa de mão e taipa de pilão. O santuário é o segundo mais antigo da região central, no entorno das Igrejas do Carmo, um patrimônio histórico nacional, o que o torna relíquia e desafio por causa dos altos custos de conservação da estrutura e adequação ao uso atual. A festa é uma das maiores fontes de receita da paróquia, além de almoços e o patrocínio de empresários. Essa roda financeira tornou possível novidades que o passante atento na Ricardo Vilela e na Dr. Corrêa observa: os vitrais com símbolos fortes para o catolicismo como a Festa do Divino – que, a propósito, começa daqui a um mês.
ELA VOLTOU!
A quermesse da Festa de São Benedito terá shows no coreto do Largo Bom Jesus, no centro. A cantora Henriette Fraissat, que abriu a série de apresentações ao lado da Orquestra Sinfônica de Mogi das Cruzes, voltará ao mesmo palco no encerramento, no próximo dia 23.
Outras atrações são Natan Ginac, no dia 16, e a Banda do Carlão, na véspera do feriado, quinta-feira (20). Outros nomes estão sendo fechados. Todo os dias, haverá música na festa.
Salve o verde
Hoje (15), às 10 h, haverá o plantio de árvores no Largo Bom Jesus com a presença de dom Pedro Stringhini e a doação de mudas ao público. (E.J.)