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“Olha a jardineira!”, grita o padre. E a procissão quase acaba em tragédia

A história teria se passado em uma pequena cidade do norte do Rio de Janeiro e é lembrada pelo jornalista Sebastião Nery em sua coleção de casos que marcam o folclore político e religioso do interior. Mas também poderia ter ocorrido em Mogi das Cruzes ou qualquer outra cidade. Conta Nery que a procissão do […]

9 de abril de 2023

Reportagem de: O Diário

A história teria se passado em uma pequena cidade do norte do Rio de Janeiro e é lembrada pelo jornalista Sebastião Nery em sua coleção de casos que marcam o folclore político e religioso do interior. Mas também poderia ter ocorrido em Mogi das Cruzes ou qualquer outra cidade.
Conta Nery que a procissão do Senhor Morto, na Sexta-Feira da Paixão, caminhava lenta e piedosa, com os acompanhantes ouvindo, de forma compungida, os versos em latim, que eram entoados pela verônica, em vários pontos do cortejo. Subindo em uma cadeira, ela cantava a cada trecho do trajeto, emocionando a todos e tornando o ambiente ainda mais solene e triste.
Em determinados pontos, os participantes cantavam hinos sacros.

O velho padre do lugar ia na frente, com o sacristão do lado  e os fiéis atrás, entoando as músicas que o vigário puxava.

De repente, um pequeno ônibus, antigamente denominado de “jardineira”, passou ao lado da procissão e começou a subir a ladeira íngreme, que levava até uma espécie de platô, no alto do morro, onde a igreja  havia sido construída.

O coletivo assumiu o centro da rua, bem em frente à procissão.

Quando se aproximava da metade da ladeira, o imprevisto aconteceu: a “jardineira” afogou, encrencou e parou.

O motorista ainda tentou fazer o motor reagir e ir adiante, dando algumas fortes aceleradas que acabaram sendo inúteis.E eis que o veículo começou a rodar para trás, de costas,  em direção ao início da procissão, liderada pelo velho padre da paróquia.

Contritos em seus cânticos e orações, os fiéis não viram o que acontecia. 

Mas o velho padre, sempre atento, viu e ficou apavorado.

A “jardineira” já  despencava em alta velocidade, se aproximando, cada vez mais do cortejo.
O religioso se apavorou ainda mais e não viu outra saída, senão alertar os seguidores da procissão, gritando:

“Olha a jardineira aí, gente!”

Pegos de surpresa com a fala do padre, os fiéis deixaram de lado os cânticos do cortejo e, imaginando, certamente uma antecipação do Sábado de Aleluia, passaram a cantar, em coro, no ritmo de marcha carnavalesca:

“Ô jardineira, por que estás tão triste? /
Mas o que foi que te aconteceu?/
Foi a camélia que caiu do galho, deus dois suspiros/
E depois morreu”.

A “jardineira” de verdade descambou ladeira abaixo, até que parou.

Não atropelou ninguém, além do susto generalizado.

“E sob o olhar do Senhor Morto, os fiéis não aguentavam mais de tanto rir!” – conta Sebastião Nery.

Vestibular no confessionário

Nos tempos em que usava batina e exercia o ofício, padre Melo era rápido nas confissões e na distribuição de penitências.

Ao fundar o primeiro curso que daria origem à UMC e enveredar pela política,  Melo ainda não havia se licenciado das funções religiosas. Por isso, continuava ouvindo os pecadores, aplicando penitências e perdoando pecados.

Certo dia, Melo decidiu testar os conhecimentos religiosos de um de seus fiéis, e passou a lhe perguntar, no confessionário:

Quantos são os mandamentos da lei de Deus?

“Dez”, ele respondeu.

E os sacramentos da Igreja?

“Sete, seu padre”.

E quantas  são as pessoas da Santíssima Trindade? 

“Três”,   veio a resposta, em cima da exata.

Notando que o pecador, sabia muito de números, Melo indagou quais eram essas pessoas.

O  fiel engasgou, mas foi rápido:

“São o senhor, Waldemar Costa Filho e Jacob Cardoso Lopes”.

(Explicação necessária para os mais novos: os dois últimos eram os principais chefes políticos de Mogi, à época).

INRI e o mestre Henrique

Mestre Henrique era famoso marceneiro nos sertões do Sergipe. Conhecido pelas camas francesas, à moda Luís XV, ele pôs toda sua ciência no Cruzeiro do patamar da Igreja de Aquidabã.

No topo do sagrado madeiro, o vigário  fizera o mestre colocar uma pequena tábua, com a inscrição INRI, iniciais de Jesus Nazareno Rei dos Judeus (Iesus Nazarenus Rex Iudacorum), a única inscrição latina de que a ruindade de Pôncio Pilatos  se lembrara na ignominiosa sentença de morte do filho de Deus.

Certo dia, um sertanejo que foi à igreja para conhecer o Santo Cruzeiro e perguntou a um conhecido o que seria o INRI, no topo da cruz.

A resposta veio rapidinha:

“Ocê num sabe não? Ali falta o Q-U-E. Esse QUE não  cabeu na tabuinha, na hora da feitura. Aquilo é a assinatura de quem fez o Cruzeiro. Aquilo é obra do mestre INRIque”.

 

O vereador e o capa preta
O vereador Luiz Gomes da Silva, o “Montanha”, fazia diariamente o percurso entre Biritiba Ussu, onde morava, e  o Shangai, em Mogi, para as atividades legislativas. 

Certo dia, ele viajava em seu carro, quando notou que um veículo, logo atrás, acionava os faróis com insistência para que parasse. 

Ele foi para o acostamento e notou que o motorista era o assessor de uma vereadora, seu conhecido.

O homem estava pálido e perguntou a “Montanha” quem era o homem de capa preta e chapéu escuro que desaparecera misteriosamente, após viajar por algum tempo ao lado do vereador.

Montanha não soube responder, pois estava sozinho no carro.

Mas, por via das dúvidas,daquele dia em diante, nunca mais  fez  aquele trajeto sozinho.

 

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