Câmara pede que conduta de Felipe Lintz passe por análise da Comissão de Ética
Nesta semana, vereador se envolveu em dois casos dentro do plenário de Mogi; em nota, presidência da Câmara disse que não admitirá condutas incompatíveis com o decoro parlamentar
11/09/2025 11h35, Atualizado há 5 dias

Vereador Felipe Lintz (PL) | Divulgação/CMMC
A assessoria da Câmara de Mogi das Cruzes informou, na manhã desta quinta-feira (11), que a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar irá analisar a conduta do vereador Felipe Lintz (PL). Nesta semana, dois episódios envolvendo o parlamentar foram registrados nas sessões dos dias 9 e 10, inclusive, com a sessão de terça-feira precisando ser temporariamente suspensa para que um tumulto fosse controlado.
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O primeiro caso foi motivado por uma moção de repúdio contra o cantor Johnny Hooker. O texto, de autoria de Lintz, condenava uma fala de 2018 do artista onde, durante o Festival de Inverno de Garanhus, ele afirmou que Jesus era “bicha”, “travesti” e “transsexual”. Hooker se apresentará no Sesc Mogi das Cruzes no dia 20 e, por conta disso, Lintz apresentou a moção no plenário.
Por conta do texto, movimentos sociais da cidade se mobilizaram para protestar contra a medida e foram ao plenário acompanhar a sessão. Na hora da votação, 11 dos 23 vereadores deixaram o plenário para se abster de votar e o texto foi aprovado por 10 votos a 2. Ao ser chamado de “fascista” pelo público na galeria, Lintz retrucou chamando um dos representantes de “vagabundo” e o ordenando a “calar a boca”. Antes da votação, vale mencionar, o vereador debochou da aparência de um dos manifestantes e dizendo que não eram “coisa boa” por estar na Câmara às 16h. Assista ao momento da confusão:
Nesta quarta-feira (10), Lintz apresentou outra moção de repúdio, dessa vez contra pessoas em situação de rua que teriam recusado o atendimento médico e de profissionais da Assistência Social. O texto foi criticado por outros vereadores e Lintz acabou retirando a moção, mas afirmou que reapresentará o trabalho posteriomente. Entretanto, ao retornar à tribuna, Lintz criticou a opinião dos colegas, alegando que a interpretação do texto estava distorcida, e acabou chamando a vereadora Inês Paz (PSOL) de “analfabeta”. Veja:
Em nota, o presidente da Câmara, Francimário Vieira, o Farofa (PL), reafirmou que não será admitida qualquer conduta incompatível com o decoro parlamentar, independentemente da legenda partidária, e ressaltou a importância de uma atuação rigorosa do colegiado.
A Comissão de Ética é presidida pelo vereador Otto Rezende (PSD) e conta com os vereadores Iduigues Martins (PT) e Vitor Emori (PL). Ainda de acordo com a nota da Câmara, os parlamentares terão acesso a áudios e imagens das duas sessões em questões para verificar a possível quebra de decoro. Caso sejam identificados indícios da infração, poderão ser aplicadas sanções que vão desde advertência até a cassação do mandato, conforme a gravidade da conduta e a decisão do plenário.
Reincidência
Os dois casos dessa semana não são a primeira vez que o vereador Lintz se envolve em discussões acaloradas e troca de ofensas com outros parlamentares, em especial os de partidos de esquerda.
Logo no início da Legislatura atual, Lintz e Iduigues discutiram em plenário por conta de uma moção de aplauso ao PT pelos 45 anos de fundação. A sessão do dia 12 de fevereiro foi marcada pela troca de ofensas entre os dois parlamentares, com Iduigues se referindo a Lintz como “chupetinha de Mogi”, fazendo uma alusão ao apelido dado ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) para provocá-lo.
Na semana seguinte, na sessão do dia 19, Lintz apresentou uma indicação para “dissipar” a ocupação da Vila São Francisco, o que gerou outro bate-boca na Casa de Leis. Ao rebater as críticas sobre o uso do termo, Lintz e Iduigues discutiram novamente e, ao final do debate, o vereador do PL acabou optando por retirar o texto.
Três meses depois, na sessão ordinária do dia 14 de maio, Lintz e Rodrigo Romão (PCdoB) trocaram ofensas dentro do plenário ao falar sobre a Fraude do INSS. Lintz, junto de Priscila Yamagami (PP), apresentaram uma moção de repúdio à corrupção institucionalizada dentro do Instituto. O texto foi aprovado e, ao declarar o voto, Lintz usou a tribuna para criticar o presidente Lula (PT). Romão rebateu os comentários, dizendo que Lintz era “desrespeitoso” e agia “de forma ridícula” nas redes sociais. O vereador do PL retornou a tribuna e deu-se início ao bate-boca.
Na época deste último caso, a Comissão de Ética foi acionada para analisar a postura dos dois vereadores pela troca de ofensas em plenário e, segundo a análise de especialistas ouvidos pelo O Diário, o episódio poderia, sim, ter sido considerado como quebra de decoro. Entretanto, desde então, não houve mais notícias sobre o andamento do processo.
O que diz Lintz?
A redação do O Diário procurou, novamente, a assessoria do vereador Felipe Lintz para comentar o acionamento da Comissão de Ética. Em nota, o vereador disse que reconhece ter ultrapassado os limites do debate político durante a sessão desta quarta-feira e que se dirigiu “de forma inadequada” à vereadora Inês.
“Em um momento de exaltação, utilizei palavras impróprias e desrespeitosas, pelas quais peço sinceras desculpas à vereadora Inês Paz, aos demais parlamentares e a toda a população mogiana que acompanha e confia no trabalho desta Casa de Leis.”
Ainda em nota, o vereador ressaltou que “o respeito deve ser a base do diálogo político, sobretudo dentro do plenário“. Lintz diz, ainda, reconhecer que falhou no princípio citado e que assume a responsabilidade pelo ocorrido. O vereador concluiu a nota reafirmando seu compromisso “em atuar de forma respeitosa, construtiva e dedicada às causas da nossa cidade“.
*Matéria atualizada às 12h45 para inserir nota de posicionamento do vereador Felipe Lintz