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Investigação interna aponta falhas graves no atendimento do Samu que resultou em morte

Três profissionais do Samu foram demitidos após a sindicância identificar falhas no atendimento prestado a motociclista em Mogi das Cruzes

28 de maio de 2025

Atendimento no Samu no dia da ocorrência | Reprodução

Reportagem de: Fabio Pereira

Falhas graves. É o que apontou a sindicância interna para apurar o atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que resultou na morte do motociclista Manoel Ferreira da Silva Neto, de 33 anos, no dia 10 de maio, em Mogi das Cruzes. Três profissionais foram demitidos e o caso segue na esfera criminal.

A sindicância foi conduzida pela organização social do Instituto Nacional de Tecnologia e Saúde (INTS), responsável pela gestão do Samu em Mogi das Cruzes. O caso ganhou repercussão após a divulgação de um vídeo mostrando o atendimento nas redes sociais, e o corpo de Manoel foi encontrado horas depois. O Diário publicou o vídeo no canal do TikTok (veja abaixo).

@odiariodemogi

Socorristas do Samu informaram à polícia que a vítima havia recusado o atendimento médico e decidiram encerrar o procedimento. #noticias #tiktoknotícias #policia #fy

♬ som original – odiariodemogi

Manoel foi deixado em uma avenida do distrito de Brás Cubas após recusar o socorro do Samu e morreu horas depois. A sindicância apontou falhas operacionais, contradições nos relatos dos envolvidos e descumprimento de protocolos essenciais do Samu, como a formalização da recusa de atendimento e o contato direto do paciente com a regulação médica.

A demissão da médica reguladora, da técnica de enfermagem e do condutor da ambulância foi confirmada no dia 16 de maio.

Veja o que diz a sindicância

De acordo com o relatório da sindicância, os três profissionais cometeram falhas operacionais relevantes:

  • O condutor falhou na avaliação de gravidade e demonstrou passividade diante da conduta inadequada;
  • A técnica de enfermagem não compareceu à oitiva e teve condutas incompatíveis com os protocolos;
  • A médica reguladora demonstrou insegurança, não reavaliou a gravidade do caso e não garantiu o correto registro da recusa.

A decisão final da Diretoria Regional da INTS foi pela demissão de todos os envolvidos, “visando à segurança dos serviços prestados”.

A prefeitura reafirmou que continuará acompanhando o caso, tanto na Justiça quanto administrativamente, e promete manter diálogo com a família da vítima. A Câmara também segue envolvida nas discussões e promete acompanhar de perto a atuação do Samu.

“O caso foi isolado, mas grave. Não aceitaremos nada menos do que justiça e um serviço de saúde que preserve vidas”, afirmou a secretária municipal de Saúde, Rebeca Barufi.

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Família busca justiça

A história da família foi levada à Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, que acompanha o caso e tem cobrado explicações da organização responsável pelo Samu. O representante do instituto foi recebido, no dia 21 de maio, pelo vereador e presidente da Comissão Permanente de Saúde, Bem-Estar Animal e Zoonoses, Otto Rezende (PSD), no Auditório Vereador Tufi Elias Andery.

O advogado da família, José Roberto Rodrigues, participou da reunião e afirmou que a recusa de atendimento por parte do paciente não justifica a negligência da equipe. Segundo ele, o caso já está sendo encaminhado ao Ministério Público, com o objetivo de que os envolvidos respondam criminalmente, possivelmente por homicídio culposo.

VEJA VÍDEO:

Desde que o caso veio à tona, a viúva de Manoel, Nicole Santos Paião, tem exigido justiça. Em reunião com vereadores de Mogi das Cruzes, ela pediu a prisão dos envolvidos e afirmou que a omissão da equipe do Samu não pode ficar impune. “Eu quero que eles sejam presos”, declarou.

Indenização

A Prefeitura de Mogi das Cruzes enviou um ofício formal ao INTS reiterando a gravidade do ocorrido e exigindo o início imediato das tratativas de indenização à família da vítima. No documento, a administração municipal questiona quais ações concretas foram tomadas para dar suporte aos familiares de Manoel e cobra que isso seja feito com urgência.

A administração também oficiou a Delegacia Seccional solicitando acesso ao inquérito policial e se colocou à disposição para colaborar com a investigação criminal. O município ainda analisa a possibilidade de aplicar sanções administrativas e contratuais contra o INTS, conforme previsto no contrato com o Cresamu.

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