Mãe atípica de Mogi reclama da falta de profissionais de apoio na rede municipal
Ao O Diário, Flávia Soares contou que tenta garantir o acompanhamento há 1 ano, mas sem sucesso; prefeitura alega que aluno conta com apoio de professora e outros servidores

Aluno não pode ficar sozinho por conta de crises, segundo a mãe | Reprodução/Unsplash
Reportagem de: Fabricio Mello
Enquanto a comunidade escolar realiza um embate com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, uma mãe atípica reclama da demora do processo e da ausência de profissionais de apoio em sala de aula no âmbito municipal. Segundo Flávia Soares, de Mogi das Cruzes, o processo que corre desde março de 2024 é fruto de desgaste tanto para ela, quanto para o filho, que é portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Ao O Diário, Flávia relatou que o filho – aluno do 1º ano do CEMPRE Oswaldo Regino Ornellas – já perdeu três semanas de aula neste ano por conta da falta do acompanhamento de um profissional em sala de aula. Ainda segundo a mãe, o filho sofre com crises que geram agressividade e, sem o acompanhamento, ele não consegue participar das aulas.
Para remediar a situação, Flávia explicou que contratou um convênio médico particular para garantir um assistente terapêutico (AT) para o filho. Entretanto, o convênio só liberou o acompanhamento por 3h, o que não cobre todo o horário letivo – que é de 4h20 na rede municipal.
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“Agora [em março], ele voltou pra escola porque consegui uma AT pelo convênio [particular], mas meu filho entra 1h20 mais tarde na escola e é direito dele essa profissional pra acompanhar ele na escola”, conta Flávia. “Ele entra [no horário normal] às 7h e sai às 11h20, só que como meu convênio não liberou o total de horas que precisa pra AT, ele entra 8h20. Ele só voltou para escola porque consegui essa profissional pelo convênio, senão ia ficar mais tempo em casa, sem inclusão na escola.”
O acompanhamento “por fora” acontece desde o ano passado. Do início do processo até agora, o filho de Flávia já passou pelo acompanhamento de três profissionais diferentes – sempre “uma quebra de rotina” e “obrigando o filho a se acostumar, porque não tinha outra saída”.
Essa solução, entretanto, não tem se demonstrado sustentável para as economias da família. Segundo Flávia, de outubro – quando a AT atual assumiu – até agora, já foram mais de R$ 4 mil investidos na profissional particular para que o filho possa ir à escola.
O que diz a Prefeitura?
Em nota, a Secretaria de Educação informou que o aluno em questão “foi avaliado em setembro de 2024 e está aguardando profissional de apoio”. Segundo a pasta, o departamento de Gestão de Pessoas está em estudos para o provimento do apoio necessário, mas a nota ressalta que o aluno é atendido pela professora da sala de aula, sendo esta especialista e habilitada, além de ter o atendimento dos demais servidores de apoio que atuam na unidade e contar com acompanhante terapêutico por meio de seu convênio médico particular.
Ainda na nota, a prefeitura informou que a escola em que o aluno está matriculado conta com sala de Atendimento Educacional Especializado, “que oferece Recursos e tecnologias assistivas, com acesso ao currículo escolar”.
A Prefeitura também foi questionada pelo O Diário sobre os números da Educação Especial em Mogi das Cruzes e informou que, atualmente, 550 alunos da rede municipal de ensino recebem acompanhamento de profissionais em sala de aula, sendo 248 servidores que atuam neste apoio aos alunos.
“A Secretaria de Educação está realizando estudos para o atendimento de mais 198 alunos que já estão avaliados, por meio de contratações ou reorganização do quadro existente”, conclui a resposta.