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Alta de casos suspeitos nas últimas quatro semanas mantém alerta para a dengue

Em janeiro de 2024, as notificações correspondem a 24% do total de 2015, quando ocorreram as últimas mortes causadas pela doença em Mogi das Cruzes

3 de fevereiro de 2024

Dengue | Reprodução

Reportagem de: O Diário

São tratados como preocupante o surto isolado de dengue no Jardim Nova União, e o salto de notificações suspeitas e confirmadas de dengue em janeiro deste ano, em Mogi das Cruzes. Desde 2015, a cidade não registra óbitos pela doença, ano em que foram conhecidos 881 registros. Apenas em janeiro último, a Secretaria Municipal de Saúde acompanha 172 casos suspeitos e 46 confirmados pela doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. 

Dos pacientes identificados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica local, 172 são moradores da cidade. Entre os 46 registros confirmados, 28 contraíram a patologia em outras cidades e 18 no município, ou seja, fazem parte da transmissão autóctone (quando a picada do mosquito com o vírus ocorreu no próprio local onde o paciente reside).

Em 2015, ano considerado crítico no enfrentamento da doença, quando 2 pessoas foram a óbito em Mogi, o total de casos notificados foi de 881. Ou seja, no primeiro mês do ano, a cidade já chegou praticamente a 24,7% dos números de 2015.

Assim como em outras cidades brasileiras, até o final de 2023, Mogi apresentava certa estabilidade. Foram 65 casos confirmados em 12 meses (agora, em janeiro, 46). 

Entre os fatores apontados para a escalada, observa a médica veterinária Debora Murakami, estão as condições climáticas – dias que intercalam chuva e muito calor, condições ideais para que larvas e ovos se desenvolverem; além da manutenção de criadouros (sobretudo, lixo, veja matéria), e a circulação do sorotipo 3 da dengue, que não tinha ocorrência no País há 15 anos. Em maio passado, estudo da Fundação Oswaldo Cruz alertou sobre a possibilidade do crescimento dos casos  após o surgimento deste tipo de vírus. Como ele não circulava há mais tempo, a população possui baixa imunidade a esse sorotipo.

Débora afirma que Mogi apresentou baixo presença do mosquito no Censo de Densidade Larvária (CDL) de outubro passado. Por meio de coletas em 6 regiões da cidade e análise por amostragem, o índice correspondeu a 1%. No entanto, em algumas regiões, como Nova União, Mogi Moderno, Vila Natal e outros, o índice foi de 2,14%.

Essa pesquisa anual, observa a médica, mostra um território com pouca presença do mosquito com o vírus, porém, a maior parte dos casos identificados é  importada, sobretudo de cidades do litoral. Os cuidados precisam ser tomados de igual maneira, para inibir criadouros e a circulação do vírus. É importante identificar os sintomas da doença.

O sorotipo 3 não determina alta taxa de mortes – mas, a doença é grave porque condições de saúde do paciente podem levar a complicações e ao óbito, segundo observa Débora.

1 – Quais são os principais sintomas da dengue?

Febre alta (acima de 38°C), dor no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática ou apresentar quadros leves.

2 – O que devo fazer se estiver com suspeita de dengue?

Nestes casos, é indicado buscar a unidade de saúde mais próxima para garantir uma avaliação do quadro e orientação para tratamento adequado dos sinais e sintomas apresentados.

3 – Qual a razão para o aumento de casos de dengue em 2024?

A projeção do aumento de casos da doença se deve a fatores como a combinação entre calor excessivo e chuvas intensas. E, ainda, ao ressurgimento dos sorotipos 3 e 4 do vírus da dengue no Brasil. Para eliminar focos, limpeza de ambiente deve ser feita toda semana porque ovos duram até um ano até virarem larva (estado que dura 7) dias.

Água parada e lixo aceleram proliferação

Desde o surgimento dos primeiros surtos de dengue, as mutações do mosquito Aedes aegypti mudaram alguns conceitos mais divulgados. Por exemplo, segundo Débora Murakami, pratinhos para planta, pneus e caixas d’água não são atualmente os locais onde mais se encontra o mosquito. É no lixo, hoje, o local onde os técnicos mais flagram o transmissor da dengue, zika e chingungunya. A médica Débora Murakami lembra que além do lixo em residências, e lixões, as embalagens de recicláveis passaram a ter um valor comercial e se tornaram mais comuns no espaço urbano. “O lixo é o nosso maior desafio”.

As medidas de prevenção são tomadas durante todo o ano, com visitas e mapeamento de bairros, atendimento de denúncias e o monitoramento dos locais onde há notificações de casos.

Nestas visitas, quando recomendado, pastilhas de larvicidas são usadas pelos técnicos para eliminar o mosquito. Porém, a prática indiscriminada não é recomendada, afirma ela, porque favorece a seleção natural dos mosquitos mais fortes (que se tornam mais imunes ao veneno) e o surgimento de novos sorotipos. Para ela, o combate ao mosquito – que pode levar um ano entre o período de ovo e larva (7 dias) para se desenvolver, à espera da condição ideal – chuva e calor intenso, é o fim dos criadouros, aliado a outras políticas públicas, como o combate a focos, como os lixões, e a vacina. (E.J.)

Mesmo sem óbito, Alto Tietê terá vacina

As cidades do Alto Tietê e Guarulhos serão as únicas no Estado de São Paulo a receberem a primeiras doses da vacina contra a dengue, nas próximas semanas.

Na fase inicial da campanha nacional, que acontecerá pela primeira vez, serão priorizados crianças e adolescentes. Não há vacina para ampliar a cobertura a mais grupos, segundo o Ministério da Saúde.

Não há uma explicação do governo federal, segundo a Secretaria de Estado da Saúde e a Prefeitura de Mogi para a definição. Questiona-se, por exemplo, o fato de cidades do Vale do Paraíba terem registrado óbitos, nas semanas recentes (como Jacareí e Pindamonhangaba), e estarem fora da lista.

Para Débora Murakami, que coordena o Núcleo de Controle e Prevenção de Arboviroses, pode ter sido levado em consideração a tendência de alta de registro nas últimas semanas epidemiológicas do Estado.

Perfil regional

Na Região do Alto Tietê, segundo informe da Secretaria de Estado da Saúde, que disponibiliza dados sobre a dengue em seu site, de janeiro a dezembro de 2023, Suzano foi a cidade com mais casos confirmados, 496, seguida de Itaquaquecetuba, com 194, e Ferraz, com 101 (a base de números ainda pode ser atualizada).  Do Alto Tietê, apenas Salesópolis zerou no item. Na comparação entre 2022 e 2023 (veja quadro acima), nota-se redução de notificações no Alto Tietê. Uma realidade, no entanto, desatualizada neste início de 2024. (E.J.)

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